TEA: Entendendo o Transtorno do Espectro Autista e Suas Principais Características

TEA: Entendendo o Transtorno do Espectro Autista e Suas Principais Características

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como o indivíduo percebe o mundo, se comunica e interage socialmente. Ele é caracterizado por uma ampla variação de manifestações, o que justifica o uso da palavra “espectro” — indicando que o transtorno se apresenta com diferentes graus de intensidade e combinações de sintomas.

Neste artigo, vamos explorar as principais características do TEA a partir de uma perspectiva neuropsicológica, abordando como ele se manifesta e quais são os impactos no funcionamento global do indivíduo.


O que é o TEA?

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o TEA é definido por dificuldades persistentes na comunicação e interação social, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Os sintomas geralmente estão presentes desde os primeiros anos de vida e afetam o desenvolvimento funcional em diversos contextos, como escola, casa e ambientes sociais.


Principais Características do TEA

1. Déficits na Comunicação e Interação Social

  • Dificuldade em manter conversas ou interações recíprocas.
  • Pouco uso de gestos, expressões faciais e contato visual.
  • Dificuldade em interpretar normas sociais implícitas (como entender ironias ou emoções alheias).
  • Baixo interesse em interações sociais ou dificuldade em estabelecer e manter amizades.

2. Comportamentos Repetitivos e Interesses Restritos

  • Movimentos repetitivos (como balançar o corpo ou bater as mãos).
  • Fixação por temas específicos, com intensidade incomum.
  • Resistência a mudanças na rotina ou ambiente.
  • Forte ligação com objetos específicos.
  • Hiper ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais (luz, sons, texturas, cheiros).

3. Desenvolvimento Cognitivo Variável

  • Algumas pessoas com TEA apresentam deficiência intelectual, enquanto outras possuem inteligência dentro da média ou até habilidades superiores em áreas específicas (como memória, matemática ou música).
  • Funções executivas (como planejamento, flexibilidade cognitiva e controle inibitório) podem estar comprometidas.
  • Dificuldades na teoria da mente — habilidade de compreender os pensamentos, intenções e emoções dos outros.

Causas e Fatores de Risco

O TEA tem origem multifatorial. Fatores genéticos desempenham papel significativo, embora também existam contribuições ambientais, como complicações pré-natais, idade dos pais e exposição a substâncias durante a gestação. Não há uma única causa identificada.

Do ponto de vista neurobiológico, estudos de imagem cerebral indicam alterações na conectividade entre regiões cerebrais envolvidas em linguagem, percepção social e regulação emocional.


Avaliação Neuropsicológica no TEA

A avaliação neuropsicológica é uma ferramenta essencial para entender o perfil cognitivo, emocional e comportamental da pessoa com TEA. Ela ajuda a identificar áreas de força e fragilidade, orientando intervenções personalizadas e estratégias de inclusão escolar e social.


Intervenções e Tratamento

Embora o TEA não tenha cura, intervenções precoces e multidisciplinares podem trazer avanços significativos. O tratamento pode incluir:

  • Terapias comportamentais (como ABA – Análise do Comportamento Aplicada).
  • Fonoaudiologia, para desenvolver a comunicação verbal e não verbal.
  • Terapia ocupacional, especialmente para integração sensorial.
  • Apoio escolar adaptado.
  • Acompanhamento neuropsicológico e psicopedagógico.

Conclusão

O TEA não é uma doença, mas uma forma diferente de funcionamento neurológico. Com diagnóstico precoce, compreensão e intervenções adequadas, pessoas com autismo podem desenvolver suas potencialidades e ter qualidade de vida. A neuropsicologia, ao olhar para além do diagnóstico, contribui para valorizar a singularidade de cada indivíduo, respeitando seus ritmos e modos de ser no mundo.